MEMORIAL DE CANUDOS
Em visita ao Memorial Antônio Conselheiro, algumas relíquias poderão ser observadas, como por exemplo: Plantas catalogadas e descritas por Euclides da Cunha no livro “Os Sertões”. Pilar, tijolos e pedras do alicerce da Igreja Velha de Bom Jesus. Armas pederneiras em sílex usadas pelos conselheiristas.
Crânios humanos de possíveis combatentes estão salvaguardados no Laboratório de Arqueologia mantido pela UNEB e que faz parte das dependências do MAC; objetos de utensílios domésticos do ano da graça de 1897 estão expostos no Museu Arqueológico. Dessa forma, laboratório, museu, biblioteca, salão de vídeo, auditório, painéis, mostruários, expositores e um belo Jardim compõem o Memorial, inaugurado em homenagem aos 100 anos do Massacre, Guerra, Movimento, Revolução, Insurreição ou como queiram chamar a história da maior Epopeia Nacional.
Na exposição Arqueológica, objetos encontrados nos Sítios Arqueológicos trazem o relato mais completo do cotidiano de batalha, identificando locais de acampamento, hospitais de sangue, zonas de combate, trincheiras etc.
Fragmentos de granadas, garrafas, frascos, botões, numeração indicativa de batalhão, fivelas, estojos e projéteis de fuzis Manlicher e Comblain são reflexos de estratégias de sobrevivência no momento em que ocorreram os embates entre o exército brasileiro e os defensores de Canudos. Uma replica do chambre de Antonio Conselheiro, juntamente com a máscara/cabeça utilizada no filme Guerra de Canudos (1997), de Sergio Rezende, encontra-se em exposição simbolizando o mito histórico que dá nome ao MAC. E assim os vestígios espalhados pelo Memorial vão sendo preenchidos de significados. Para quem chega ao Memorial munido de um bom conhecimento da História do Brasil, os utensílios e objetos encontrados no museu pode ser indicativo de que o Movimento de Canudos estava abrigando negros ex-escravos que continuavam sendo perseguidos ou explorados por grandes fazendeiros ou coronéis da região.
Imagens das ruínas que estão submersas no açude Cocorobó, fotos de pessoas como João de Régis, o descendente de conselheiristas que mais contribuiu para a divulgação dos fatos referentes ao conflito, fotos de estudiosos como o prof. José Calazans, exposição histórica com textos jornalísticos escritos na época do massacre, exposição sobre o escritor/jornalista Euclydes da Cunha, estão espalhadas pelo memorial em painéis confeccionados pelo curador da exposição Claude Santos. Cabe dizer que, todas as imagens vêem acompanhadas de legendas e textos relacionados a Campanha de Canudos. Na área externa que ladeia o Memorial é possível nos defrontarmos com descendentes dos maiores adversários enfrentados pelo exército brasileiro. Umbuzeiro, umburana, xiquexique, catingueira, mandacaru, bromélia, angico, favela, quipá (espécie de cacto que tem espinhos extremamente agressivos ao corpo humano) são só alguns exemplares das armadilhas que a própria natureza criou no teatro de operações. .
Entre as mais de 50 espécies de plantas da flora sertaneja que se encontram no “Jardim Euclidiano João de Régis”, uma se destaca pela simplicidade e importância simbólica: O Canudo-de-pito, uma planta cujos galhos têm forma de canudo, muito utilizada na confecção de cachimbo. Está nela a origem do nome do lugar. Como está na clarividência da inscrição de uma placa junto ao monumento de homenagem aos conselheiristas a origem do Memorial: “Os vencidos também merecem um lugar na História. Não devem ficar no anonimato.” (José Calazans).
https://www.uneb.br/canudos/memorial-antonio-conselheiro/
PARQUE ESTADUAL DE CANUDOS
Em 1986 foi decretada a criação do Parque Estadual de Canudos – PEC, integrando importantes áreas de terras onde se deu a guerra fratricida.
Primeiramente, foi realizada a reserva de terras devolutas pelo Decreto nº 33.193, de 27 de maio de 1986, e depois pelo Decreto nº 33.333, de 30 de junho, instituiu o PEC, autorizando a Secretaria de Educação e Cultura, por intermédio da Universidade do Estado da Bahia, a adotar as providências necessárias à sua construção. O Parque Estadual de Canudos compreende uma área de 1.321 hectares no município do mesmo nome, no nordeste da Bahia.
Constituiu-se no teatro principal de acampamentos militares, da presença conselheirista e de violentos combates, abrigando valiosos sítios históricos, arqueológicos e antropológicos.
Consolidado como “verdadeiro museu a céu aberto”, o Parque está demarcado, sinalizado e dotado de infra-estrutura adaptada às condições locais, sendo propício à realização de pesquisas e ao incremento do turismo histórico, abrindo campo para produtivas atividades pedagógicas na área, o que beneficia estudantes e professores de toda a região.
O Parque se constitui num vasto anfiteatro, onde ainda está sepultado, e com vasta pesquisa arqueológica, material em abundância para contar mais das diligências que ali chegaram com suas máquinas de matar e destruir.
O observador poderá conhecer o Vale da Morte (onde militares sepultavam seus mortos), o Vale da Degola (onde chefes expedicionários mandavam cortar pescoços de jagunços), e o Alto do Maio (ou do Maia, ou do Mário), onde morreu o coronel Antônio Moreira César (1850-1897), comandante da terceira expedição.
Recentemente foi implantada uma nova exposição fotográfica com painéis em vidro de diversos tamanhos, que chegam até 4m de altura, com fotografias de inúmeros e renomados fotógrafos que retrataram a Guerra de Canudos, os seus remanescentes e descendentes de conselheiristas. Além das fotos pode-se encontrar o mapa da região do conflito e gravuras com imagens sertanejas. É válido dizer que, a entrada do Parque foi pavimentada com asfalto ligando a rodovia ao portal de entrada para facilitar a visitação e para maior conforto de todos que desejarem visitar e conhecer o CENÁRIO DA GUERRA DE CANUDOS.
CANUDOS VELHO
Aldeia de pescadores que fica bem próxima a área da antiga Canudos. Há pouco tempo atrás a diversão das crianças do Alto Alegre ainda era colecionar balas (de chumbo) pelo chão. No Alto alegre hoje existe uma casinha de apenas um cômodo que funciona o museu histórico de Canudos. Lá foi guardado tudo que foi encontrado nestes últimos anos pelos lugares onde foram travados os combates e o que restou da cidade incendiada. Tem oratórios, antigos facões, punhais, capacetes de soldados, clavinotes, ferro de passar roupas, baú de couro, cartuchos de bala, máquina de costurar, fotos, ferraduras de cavalos, além de outros.
O antigo belo monte, hoje conhecido como Canudos Velho se tornou um lugar turístico não só pelos acontecimentos do passado, mas por ter grande potencial na área de laser como: dar um excelente mergulho no açude de cocorobó, praticar esportes aquáticos, além de poder navegar até a antiga igreja, hoje submersa.
Ao passear pela cidade, é bem provável que o visitante encontre balas de chumbo pelo chão; resquícios da Guerra de Canudos. A diversão das crianças da cidade ainda é colecioná-las. Em Alto Alegre, aldeia de pescadores que fica bem próxima à área da antiga Canudos, funciona o Museu Histórico de Canudos, onde está conservado tudo o que restou da lendária batalha, na qual as tropas do Governo Republicano dizimaram os camponeses liderados por Antônio Conselheiro e terminaram por incendiar a cidade. O Museu funciona em uma casa de apenas um cômodo, mas o acervo é bem amplo: oratórios antigos, facões, punhais, capacetes de soldado, clavinotes, ferro de passar roupa, baú de couro, cartuchos de bala, máquinas de costura, fotos, ferradura de cavalos, dentre outras peças, sem catalogação. Todo o acervo foi reunido por “Seu” Manoel Alves desde 1971, ano em que chegou à cidade. Mais conhecido como Manoel Travessa, ele faz questão de enfatizar que faz isso sem ajuda institucional; ficou tão impressionado com a história da Guerra que começou a procurar e guardar tudo que se relacionava com o episódio. Outro local imperdível para quem deseja conhecer mais detalhes sobre a guerra de Canudos é o Alto do Mário, localizado no Parque Estadual de Canudos, dentro da própria cidade, e onde é possível encontrar as escavações que serviram de trincheiras para os jagunços na luta contra as forças republicanas.
MIRANTE DO CONSAELHEIRO
Construído em 1998, pela Prefeitura Municipal de Canudos em convênio com o Ministério da Cultura, com o intuito de resgatar a história de Canudos, alem de proporcionar aos moradores e visitantes um local de absoluta tranqüilidade, ideal para quem gosta de admirar belas paisagens.
No mirante existe bar que abre todos os finais de semana com show ao vivo. La, você pode degustar um excelente tira gosto, além de tomar aquela cerveja bem gelada.
Local de lazer nos finais de semana, o mirante, que tem uma imagem de Antônio Conselheiro no alto, conta com infraestrutura de bares com música ao vivo, banheiros, chuveiros e uma igrejinha. Cartão-postal do sertão, sua vista também contempla o açude, o segundo povoado de Canudos e sua atual sede.
TOCA DAS ARARAS
ESTAÇÃO BIOLÓGICA DE CANUDOS (BA)
Desde 1989 a Fundação Biodiversitas conduz um programa para conservação in situ da Anodorynchus leari, no sertão da Bahia. As ações desenvolvidas na região incluem educação ambiental, pesquisa sobre a biologia da espécie e, principalmente, um intenso trabalho de fiscalização.
Em 1993 a Biodiversitas adquiriu uma porção de 130 hectares da área, com a ajuda do Fundo Judith Hart, criando a Estação Biológica de Canudos (EBC), com o objetivo de proteger aquele santuário.
Atualmente, a EBC conta com duas bases de campo construídas como pontos de apoio para funcionários, pesquisadores e visitantes. As bases estão estrategicamente localizadas nas extremidades norte e noroeste da reserva, facilitando o monitoramento dos acessos aos paredões (áreas de nidificação da espécie), na região denominada como Toca Velha. A Fundação Biodiversitas ainda mantém um escritório na cidade de Canudos - a Toca da Arara - onde são realizadas atividades de educação ambiental e funções administrativas em geral.
O quadro de funcionários permanentes na reserva inclui uma bióloga, responsável pela administração local da EBC, e três guarda-parques em tempo integral, cujas funções incluem a fiscalização da área e a coleta de dados biológicos sobre as araras. Estes quatro funcionários são pessoas nascidas em Canudos, o que confere à EBC maior integração com a comunidade local e maior acesso da população às informações sobre a espécie e a reserva.
Ampliação
Em 2007 em parceria com a American Bird Conservancy (ABC), a Estação Biológica de Canudos foi ampliada, para aproximadamente 1.500 hectares, incluindo assim todos os paredões utilizados pela espécie na região da Toca Velha. A posse legal e a fiscalização constante e cuidadosa da área, realizada pelos guarda-parques da Biodiversitas, têm contribuído, no decorrer destes 14 anos, para o aumento significativo da população da ave.
Dedicada à conservação de aves ameaçadas de extinção em todo mundo, a ABC contou com o apoio dos doadores Robert Kleiger, Alan Joyner Parr Fund, Damuth Fdn, Anthony Collerton, James R. Mellon II, Nancy Delaney, John Day, e Robert W. Wilson, para aumentar as chances de sobrevivência da espécie em seu hábitat natural.
https://www.biodiversitas.org.br
PRAINHA DE CANUDOS
Lugar é ideal para quem procura um pouquinho de tranqüilidade além de se refrescar do imenso calor nas águas do açude Vaza Barris, pode tomar uma cervejinha bem gelada, degustar um bom pirão de peixe ou um bode assado na brasa.
O local é ideal para a prática de esportes aquáticos
Outro lugar para curtir a água é a tal de “prainha” – uma área de areia na beira do açude. O lugar não tem nenhuma infra-estrutura e portanto serve melhor àqueles que querem curtir uma paz e solidão.
JORRNHO DE CANUDOS
Após de todas as visitas aos sítios históricos é uma boa idéia conhecer também o jorrinho. O jorrinho é uma área de lazer um pouquinho fora da cidade de Canudos, ao lado da barragem do rio Vazabarris. Além de água gelada jorrando dos canos conectados à barrage, o jorrinho tem mesa de fussball e de sinuca, um barzinho e uma loja de lembrancinhas. O lugar é charmoso e excelente para uma tarde relaxante com água, amigos, uma geladinha e muito papo. O jorrinho fica uns 1,5km fora da cidade e a corrida de mototaxi até lá é R$2.
AÇUDE COCOROBÓ
DESCRIÇÃO GERAL
A barragem do Açude Cocorobó está localizada no município de Euclides da Cunha, estado da Bahia, a cerca de 410km de Salvador, próximo ao entroncamento entre a BR - 116 e a BR-225, na localidade de Canudos.Barra o rio Vaza Barris, pertencente ao sistema do mesmo nome.A sua bacia hidrográfica drena uma área de 3.600 km2.
Tem como finalidade a irrigação das terras de jusante, onde se destaca o Projeto Irrigado de Vaza Barris com 460 ha, o controle das cheias, a piscicultura, o aproveitamento das áreas de montante e o abastecimento d'água da vila de Nova Canudos. O lago formado cobre uma área de 2.395ha e acumula um volume de 245.375.950m³ (Fig.2)
Fig. 2 - Bacia hidráulica
HIDROLOGIA
Foram estudados 21 postos pluviométricos da região, para o período 1912-1967, quando foram realizadas a análise dos dados, a comparação e a correção destes dados por métodos estatísticos, interpelação e ajuste definitivo. Foram estimadas as precipitações anual e média na bacia, assim como a distribuição dos seus valores médios mensais.
Nos estudos de deflúvio, foram considerados os dados observados em dois postos, tendo-se estudado os dados de altura de régua x medições diretas de descarga, algumas mesmo incompletas. A partir desses dados, foram definidas as curvas altura x descarga para diversos períodos. Devido à escassez desses dados, principalmente para vazões altas, foram executados ajustes nestas curvas. A seguir, foi efetuada a correlação entre as estações e os estudos das precipitações na bacia.Desta forma, foram realizadas correlações até obter-se a série completa de descargas mensais e anuais para o período estudado
Fig. 3 - Curvas cota x área x volume
O estudo de regularização foi efetuado por simulação para consumos variáveis, baseado em certas hipóteses de consumo.
CARACTERÍSTICAS HIDROLÓGICAS
Área da bacia hidrográfica 3.600km2
Pluviometria média 477mm
Deflúvio anual 97 x 106m3
Volume regularizado 97 x 106m3, para um
Freqüência de garantia 70%.
GEOLOGIA E GEOTECNIA
A rocha predominante no local é o xisto, com pequenas deformações em seu acomodamento, medianamente a pouco alterado, e praticamente aflorando nas ombreiras.
No trecho do leito do rio, o mesmo é recoberto por um pacote aluvionar composto por material arenoso, com intercalações de lentes argilosas e siltosas.
As investigações de subsuperfície indicaram um maciço são, medianamente fraturado e de baixa permeabilidade.
O material terroso utilizado na barragem é um silte argilo-arenoso (CL-CM); o material pétreo agregado e a areia artificial foram obtidos na exploração do quartzito existente na ombreira direita, próximo à obra.
ARRANJO GERAL
O Açude Cocorobó é formado por uma barragem de terra como estrutura barrante; um vertedouro, tipo lâmina livre, em forma de leque em planta; e uma estrutura de tomada d'água, formada por uma torre e uma galeria dupla com diâmetro de 1 m.
BARRAGEM
A barragem é homogênea, com altura máxima de 33,5 m. Sua extensão pelo coroamento é de 643 m, e a largura do coroamento mede 7 m, na cota 362,00.
O talude de montante é protegido por um "rip-rap" convencional e sua inclinação varia de 1 V:3H até 1 V:1 OH, passando por lV:5H. O talude de jusante varia sua inclinação de lV:2,5H até lV:1 5H, passando por 1 V:3H. Para montante existe ainda uma berma estabilizadora, na cota 333,80. O controle de percolação é feito por um "cut-off", escavado a partir do eixo para montante. E preenchido com material da mesma natureza do corpo barrante (Fig. 4).
Fig. 4 - Seção transversal da barragem
VERTEDOURO
O vertedouro, situado na ombreira esquerda, é do tipo lâmina livre. A planta tem forma de leque, o canal vertente termina em um salto de esqui e numa bacia de dissipação, cota 332,50. É todo revestido em concreto armado. Está dimensionado para uma descarga de 1.824 m³/s.
Fig. 5 - Planta e seção do vertedouro
TOMADA D'ÁGUA
A tomada d'água, situada na estaca 19 + 7m, é constituída por uma galeria dupla com diâmetro de l m, revestida em concreto armado. Está dimensionada para uma vazão de 4,6 m³ /s e o controle é feito por duas comportas planas, a montante, e válvulas de controle manual, a jusante .
Fig. 6 - Seção da tomada d´água
CONSTRUÇÃO
A barragem do Açude Cocorobó teve sua construção iniciada em 1951, por administração direta do DNOCS.
A maior parte do aterro fora executada nos últimos meses antes do término da obra, obedecendo aproximadamente ao seguinte cronograma: de 1951 até 1966, foram executados 600.000 m³ ou 48% da obra.Durante o ano de 1967,a barragem atingiu seu volume total, tendo sido feitos neste período, 650.000 m³ de aterro compactado. Logo após seu término, em dezembro de 1967, ocorreu um escorregamento de parte do talude de montante do aterro, com cerca de 45.000 m³ de terra deslocados numa extensão aproximada de 100 m. Após a reconstrução desta parte, foram instalados 24 piezômetros e três medidores de nível d'água, Foram também instalados no maciço marcos para observação de recalque e de deslocamentos horizontais.
As observações feitas indicaram o aparecimento de trincas no talude da barragem e pressões piezométricas consideradas elevadas. Entretanto, após um período de observação e diversas análises, o comportamento da barragem foi considerado aceitável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DNOCS/CONSÓRCIO OTI/IPT/GEOTÉCNICA. Estudo de viabilidade para irrigação dos vales dos rios ltapicuru e Vaza Barra; resumo geral. S.n.t. v. 2.
DNOCS/IPT. Análise do comportamento do Açude Público Cocorobo, município de Euclides da Cunha (BA). São Paulo, 1976. 4 p.
MELLO, Victor F. B. de. Barragem de Cocorobo, Bahia; relatório COO - 250775. São Paulo, 1975.
SILVEIRA, Carlos N. da & ALMEIDA, Luiz F. C. de. Barragem do Açude Púbico Cocoró; relatório. Salvador, 1977. 2 p.
CARACTERÍSTICA TÉCNICAS |
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CAPACIDADE | 245.375.950m³ | CONTA DO COROAMENTO | 362,00 |
LOCALIZAÇÃO | Euclides da Cunha -BA | VOLUME TOTAL DO MACIÇO | 1.250.000m³ |
SISTEMA/SUBSISTEMA | Vaza Barris | VERTEDOURO | |
RIO BARRADO | Vaza Barris | TIPO | Lâmina Livre em Arco |
ÁREA DA BACIA HIDROGRÁFICA | 3.600km² | LARGURA DA SOLEIRA | 90m |
ÁREA DA BACIA HIDRÁULICA | 2.395ha | LÂMINA MÁXIMA | 3m |
PRECIPITAÇÃO MÉDIA ANUAL | 477mm | DESCARGA MÁXIMA | 1.824m³/s |
VOLUME MORTO | 70.000.000m³ | REVANCHE | 4m |
NÍVEL D´ÁGUA MÁXIMO | 361,00 | COTA DA SOLEIRA | 358,00 |
ÁREA IRRIGÁVEL | 460ha | TOMADA D´ÁGUA | |
PROJETO | DNOCS | TIPO | Galeria Dupla |
CONSTRUÇÃO | DNOCS | COMPRIMENTO | 280m |
BARRAGEM | DIMENSÃO DA SEÇÃO | O=1,00m | |
TIPO | Terra Homogênia | DESCARGA REGULARIZADA | 4,6m³/s |
ALTURA MÁXIMA COM FUNDAÇÃO | 33,50m | ALTURA DA TORRE | 24,40m |
EXTENSÃO PELO COROAMENTO | 643,00 m | DIMENSÕES DA COMPORTA | 1,20m x 1,20m |
LARGURA DO COROAMENTO | 7,00 m | DISSIPAÇÃO A JUSANTE | Válvula de Controle Manual |
Fonte: DNOCS
https://www.dnocs.gov.br/barragens/cocorobo/cocorobo.htm
PERÍMETRO IRRIGADO VAZA BARRIS
LOCALIZAÇÃO E ACESSO
O Perímetro Irrigado de Vaza Barris está localizado no trópico semi-árido do Nordeste, no município de Canudos, Estado da Bahia, à margem direita do Rio Vaza Barris, distando 400Km da capital (Salvador).
As suas coordenadas geográficas são: 90 54’ de latitude Sul e 390 07’ de longitude Oeste. Encontra-se a uma altitude de 397 metros acima do nível do mar.
O acesso ao perímetro irrigado é feito pela Rodovia Federal BR–110.
A implantação do perímetro irrigado foi iniciada no ano de 1971, e os serviços de administração, operação e manutenção da infra-estrutura de uso comum tiveram início no ano de 1973.
CLIMA
A região é caracterizada pelos seguintes dados climáticos :
- Pluviosidade média anual : 450 mm.
-Temperatura média anual : 30o C, com máxima de 37o C, em janeiro, e mínima de 23o C, em julho.
RELEVO
Terras altas com declividade moderada a forte
SOLO
Os solos são de
II e III, com aptidão para irrigação, segundo as normas do Bureau of Reclamation, sendo a maioria de textura leve e média.
FONTE HÍDRICA
O suprimento hídrico do perímetro irrigado é feito através do Açude Público de Cocorobó, com capacidade de armazenamento de 245.376.000 m3.
ÁREA
1. Área Desapropriada: 11.677,00 ha
1.1. Área de Sequeiro: 7.179,00 ha
1.2. Área Irrigável: 4.498,00 ha
1.2.1. A Implantar: 2.702,07 ha
1.2.2. Implantada: 1.796,00 ha
1.2.3. Com produtor: 1.487,00 ha
USUÁRIO
CATEGORIA DE IRRIGANTE |
ÁREA MÉDIA (ha) |
QUANTIDADE |
ÁREA TOTAL (ha) |
Pequeno Produtor |
8,82 |
166 |
1.464,40 |
Técnico Agrícola |
11,30 |
2 |
22,60 |
Engº Agrônomo |
- |
- |
- |
Empresa |
- |
- |
- |
Total |
|
168 |
1.487,00 |
PRODUÇÃO
O perímetro irrigado produz, atualmente:
, feijão phaseolus, tomate mesa e melão semente.
SISTEMA DE IRRIGAÇÃO
O sistema de irrigação utilizado no perímetro irrigado é:
100,00% da área por superfície em sulcos (gravidade)
INFRA-ESTRUTURA DE USO COMUM
Rede de Irrigação:
Canais Principais : 12.060 m de extensão.
Rede de Acéquia : 50.475 m de extensão.
Rede de Drenagem
Drenos Principais : 21.000m de extensão.
Drenos Secundários: 48.260m de extensão.
Rede Viária
. Estradas principais: 64.000 m de extensão, com largura de 5,0 m a 7 m.
Estrutura Organizacional dos Irrigantes
Para atender às necessidades de administração, organização, operação e manutenção do perímetro irrigado foi criada a Cooperativa dos Irrigantes do Vaza Barris Ltda.- CIVAB.
https://www.dnocs.gov.br/barragens/cocorobo/cocorobo.htm
PEDRA RISCADA
Os suportes de natureza granítica, que se apresentam sob a forma de morros arredondados e matacões, encontram-se em várias partes do estado, especialmente nos relevos interplanálticos, onde emergem formações rochosas do substrato cristalino. As feições arredondadas dos blocos e morros derivam da sua forma particular de desgaste, por efeitos térmicos e de hidratação, fragmentando-se em grandes lascas côncavas. Na paisagem preponderantemente plana, eles surgem como ilhas individuais ou em conjuntos. Nas bases dos paredões, em contato com o solo, formam-se abrigos de tetos convexos que, assim como alguns paredões pouco abrigados, serviram de suporte para representações pintadas. Um número significativo de sítios com pinturas em diferentes regiões é representativo desta situação topográfica, como por exemplo alguns dos sítios registrados pelo Projeto Homem e Natureza: Morro do Jatobá e Serra Prem, em Santa Terezinha; os conjuntos de abrigos de Malhada Grande, Rio das Pedras e Rio do Sal, em Paulo Afonso; Pedra do Índio, em Uauá; Pedra Riscada, em Canudos; Pedra da Onça, em Monte Santo; e Pedra do Índio, em Matina.
Um abrigo granítico apresentando motivos geométricos. O pigmento utilizado é o vermelho.
RASO DA CATARINA
Raso da Catarina é uma ecorregião localizada na parte centro-leste do bioma caatinga, no estado da Bahia. Possui trinta e oito mil quilômetros quadrados de área. Esta ecorregião consiste em uma bacia de solos muito arenosos, profundos e pouco férteis, de relevo muito plano. Apresenta cânions na parte oeste. É a região mais seca do sertão baiano, com clima semiárido bastante quente e seco, grandes amplitudes térmicas entre o dia e a noite. Os solos são muito arenosos e profundos, o que leva à pouca disponibilidade de água. A precipitação média anual é 350 mm e em algumas regiões chega 300bsp;mm.
A vegetação típica é a caatinga de areia, predominantemente arbustiva e muito densa. Apresenta algumas espécies características: Copaifera martii Hayne in Arzn. (Leguminosae), Simaba blanchetii Turcz (Simaroubaceae), Pavonia glazioviana Guerke (Malvaceae), Dioclea lasiophilla Benth. (Leguminosae), Mimosa lewisii Barneby (Leguminosae), Barnebya harleyi Anderson (Malpighiaceae),além de muitas espécies de Cactaceae dos gêneros Melocactus e Pilosocereus.
Na fauna, é refúgio da Arara-azul-de-lear, dos répteis Anfisbena (cobra-cega), o lagarto Tropidurus cocorobensis e do mamífero roedor Dasyprocta sp. nov.
A pouca disponibilidade de água levou à um vazio demográfico, mantendo uma boa preservação do bioma. Dentro desta ecorregião encontram-se diversas unidades de preservação:
Estação Ecológica do Raso da Catarina
Reserva Biológica da Serra Negra
RPPN Fazenda Flor de Liz
A ecorregião abriga também a terra indígena dos índios pankararés.
BENDEGÓ DA PEDRA
O Bendegó é o maior meteorito brasileiro conhecido até o momento. Pesa 5,36 toneladas e mede 2,15m x 1,5m x 65cm. De formato meio achatado, lembra uma sela de montaria. Trata-se de uma massa compacta, composta principalmente de ferro e níquel, contendo outros elementos em quantidades menores (ver tabela 1).
Apesar do seu colossal tamanho, ele já não mais figura entre os dez maiores do mundo, muito embora fosse o segundo em peso e medida à época do seu descobrimento (ver tabela 2). Foi descoberto no interior da Bahia e hoje se encontra na sala de meteoritos do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
A seguir contaremos a história da sua descoberta e do engenhoso transporte de que foi alvo até a cidade do Rio de Janeiro.
História
Foi descoberto pelo menino Domingos da Motta Botelho, em 1784. O garoto campeava o gado quando percebeu que ali, na invernada, havia uma pedra grande, amarronsada, bem diferente das outras da região. Chegando em casa, comentou com o pai a sua descoberta. Aquele, um fiel súdito do Governo -- Joaquim da Motta Botelho, informou às autoridades ter encontrado, sobre uma elevação próxima ao Rio Vaza Barrís, nos sertões de Monte Santo, Bahia, “uma ‘pedra’ de tamanho considerável da qual se presumia conter ouro e prata”. O então Governador, D. Rodrigo, ficou muito impressionado com a descoberta e, no ano seguinte,1785 encarregou o Capitão-mor de Itapicurú, Bernardo Carvalho da Cunha, de providenciar o seu transporte para a capital, Salvador.
O Capitão Cunha escavou ao redor do meteorito uns 4 níveis. Auxiliado por 30 homens e algumas alavancas, conseguiu colocar o meteorito sobre uma carreta especialmente construída para o transporte de carga tão pesada. Para facilitar a passagem, ele pavimentou uma pequena estrada até o riacho. Tendo 12 juntas de bois atreladas ao veículo, partiu vagarosamente sobre um leito de pedra especialmente construído para a passagem da carreta. Seu plano era levar o meteorito até o Riacho de Bendegó e depois para o Rio Vaza Barrís, até alcançar o Porto de Salvador e, de lá, seguir de navio até a capital.
Tudo corria bem até a descida do leito do riacho onde, não dispondo de freios, o veículo ganhou momento, acelerando muito sua velocidade, o que impôs um atrito sobre os eixos, incendiando-os. A carreta correu desenfreadamente morro abaixo, indo parar junto com o meteorito no leito do riacho Bendegó, dentro de uma ipueira, a apenas 180 metros do ponto de partida. Nunca se soube se algum boi veio a morrer neste atrapalhado empenho.
Bernardo Carvalho da Cunha, em face do acontecido e levado pelo desânimo, abandonou a façanha. Cientificado do fato, D. Rodrigo levou-o ao conhecimento do Ministro de Estado de Portugal, enviando-lhe alguns fragmentos do material. O fracasso, entretanto, veio a favorecer o fato de o meteorito encontrar-se hoje no Brasil, pois, de outra forma, teria ido parar em Portugal ou teria sido totalmente fundido em busca de metais preciosos.
A notícia correu o mundo e a misteriosa “pedra” foi visitada por alguns cientistas viajantes, entre os quais A. F. Mornay que, em 1810, suspeitando tratar-se de um meteorito, foi a Monte Santo, encontrando-a exatamente no local onde fora deixada, vindo a constatar que, de fato, tratava-se de um meteorito. Com muita dificuldade, conseguiu retirar-lhe uns poucos fragmentos, que juntamente com as observações pessoais colhidas foram remetidos a Wollaston, da Real Sociedade de Londres.
Seis anos mais tarde, era publicada no “Philosophical Transactions” a carta de Mornay e as análises realizadas por Wollaston. Em suas informações, Mornay atribuía ao meteorito o volume de 28 pés cúbicos e o peso de 14.000 libras, com as dimensões de 7 pés x 4 pés x 2 pés de espessura.
Outros visitantes ilustres foram a dupla de naturalistas alemães, Spix e Martius, em 1820, os quais foram conhecer o meteorito em companhia de seu descobridor Domingos da Motta Botelho, já um homem àquela época. Encontraram o meteorito no mesmo ponto deixado, e ainda sobre a carreta do Cap. Cunha. Com muita dificuldade, e depois de atearem fogo à “pedra” por 24 horas, conseguiram retirar alguns fragmentos do meteorito, os quais foram levados para a Europa, o maior deles sendo doado ao Museu de Munique.
Como na estória da Bela Adormecida, o meteorito permaneceu no leito do rio por cerca de 100 anos quando, em 1883, o Prof. Orville Derby, do Museu Nacional, tomou conhecimento do meteorito. Derby contatou o engenheiro da Estrada de Ferro Inglesa (British Rail Road) , que construía uma extensão da estrada de Monte Santo a Salvador, que o notificou que, em breve, a estrada alcançaria o ponto mais próximo ao meteorito, ou seja, cerca de 100 km de distância, em terrenos montanhosos. Contudo, os custos do transporte estariam bem acima das possibilidades do Museu.
Em 1886, o Imperador D. Pedro II tomou conhecimento do fato pela Academia de Ciências de Paris, durante uma visita à França, prontificando-se a providenciar o transporte de peça tão importante para o Rio de Janeiro, assim que retornasse ao Brasil
Aqui , o Imperador chamou o Sr. José Carlos de Carvalho, um oficial aposentado da Guerra do Paraguai, primo do engenheiro da Estrada de Ferro Inglesa contatado por Derby anos antes. Informando-se das possibilidades do transporte, José Carlos de Carvalho procurou apoio da Sociedade Brasileira de Geografia, a qual tomou todas as providências para que o transporte fosse efetuado. A Sociedade encarregou-se, principalmente, da parte financeira, conseguida por intermédio de um generoso patrocínio do Barão de Guahy, cujo nome de batismo era Joaquim Elysio Pereira Marinho.
Organizou-se, então, uma comissão do Império para a recuperação do Bendegó, formada por José Carlos de Carvalho e pelos engenheiros Vicente de Carvalho Filho e Humberto Saraiva Antunes (Fig.1). No dia 7 de setembro de 1887, quando era comemorado o aniversário da Independência, iniciou-se o trabalho de remoção do meteorito, com uma solenidade cívica às margens do riacho Bendegó. Ergueu-se ali, um marco denominado “D. Pedro II” (Fig.2 ), em homenagem ao Imperador. Na ocasião, colocou-se dentro de uma pequena caixa de ferro um exemplar do termo de inauguração do trabalho de remoção e um exemplar do Boletim da Sociedade Brasileira de Geografia, que publicava um memorial sobre o meteorito.
No relatório da viagem, publicado em português e francês, em 1888, o Cap. Carvalho relatou detalhadamente o transporte do Bendegó, a geografia do local e as dificuldades enfrentadas por todos.
Na descrição da geografia local, Carvalho deu uma visão completa da Região, mostrando o erro em que têm incorrido muitos sábios naturalistas que visitam os sertões somente em tempos de seca Este erro consiste em considerarem aquelas paragens como desertos áridos, sem vegetação e inabitáveis. Conforme a época em que o sertão é percorrido, apresenta painéis de natureza tão diferentes, tão opostos entre si, que muitas vezes o naturalista , ou um outro viajante qualquer, custa a crer que o sítio em que se encontra seja o mesmo avistado por ele alguns dias ou semanas antes.
Por ocasião das águas, o que eqüivale a dizer da Vida, a vegetação é pujante e original, o céu límpido e a natureza encantadora. Na época das secas, todavia, os campos se apresentam negros ou pardos e o solo, quando não arenoso, fende-se profundamente; as árvores apresentam-se desnudas, sem folhagem, à exceção dos juazeiros e umbuzeiros; e a paisagem toma um aspecto de Inverno rigoroso, sejam os climas frios ou temperados. Basta, porém, que se precipitem as primeiras chuvas para que a temperatura caia, a vegetação reviva, e, ao cabo de uns poucos dias, o campo se reverdece e fica florido, outra vez, não lembrando em nada a paisagem vista uns dias antes...
A Comissão do Império, após diversos estudos geográficos, escolheu o que seria a melhor rota para o transporte do meteorito até a Estação Férrea de Jacuricy. O caminho escolhido foi o mais curto, embora tivesse que transpor a Serra do Acarú. Foi preciso, igualmente, construir grande parte das estradas, pois as existentes eram muito estreitas e se encontravam em péssimo estado de conservação.
Projetada por José Carlos de Carvalho, mandou-se construir uma carreta que, engenhosamente, poderia andar sobre trilhos, ou sobre rodas, dependendo das condições encontradas no trajeto. A carreta possuía dois pares de grandes rodas de madeira, para rodar em solo, e na parte interna, especialmente calculadas, rodas metálicas para rodar sobre trilhos, de tal modo que, estando sobre estes últimos, as rodas de madeira não tocassem o chão.
Por vezes, o carretão era puxado por juntas de boi. Noutras ocasiões, pondo-se em prática as habilidades de um marinheiro, tirava-se proveito do emprego de estralheiras, talhas dobradas, patescas e estropos, e de todas as engenhosas disposições de cabos e roldanas de que o homem do mar sabe servir-se para, com esforços relativamente pequenos, locomover pesos consideráveis.
No dia 25 de novembro, a carreta começou a se mover sobre o leito do riacho de Bendegó. No dia 7 de dezembro, tendo se movido por apenas 17 km, esse carro primitivo de transporte encontrou as primeiras dificuldades ao cruzar o Rio Tocas. Após dois dias de fortes chuvas, o leito do rio até então seco, estava molhado e escorregadio, ocasionando o descarrilamento do carretão, virando e atirando o meteorito para dentro do riacho. Trabalhou-se por 24 horas ininterrúptas. Fogueiras foram acesas para que se prosseguisse viagem no dia seguinte.
A transposição da Serra do Acarú, que obrigava a uma subida de rampas de 18 a 20% de declive, foi bastante árdua. A operação foi executada por cabos conectados ao carretão e amarrados às árvores mais grossas, propositadamente deixadas na estrada aberta, e puxadas com o auxílio de talhadeiras, talhas e juntas de boi. Conta o relatório que, já quase no sopé da serra, uma árvore cedeu. Os aparelhos se arrebentaram e o carretão precipitou-se por uma rampa de 30% de declive (km 22), indo parar, felizmente, no meio da ladeira, por ter o meteorito saltado na frente do carretão, paralisando-o. Não fosse esta queda providencial e o carretão se teria descarrilado para o fundo de uma grota profunda. Felizmente, as chuvas só começaram a cair depois da passagem da Serra do Acarú. A marcha foi interrompida sete vezes pela queda do meteorito da carreta e quatro vezes para a substituição de eixos que se partiram.
A comissão enfrentou diversas dificuldades, como a construção de estivados em lagoas, armação de passagens provisórias sobre o Rio Jacuricy de 50 metros de vão, levantamento de aterros sobre baixadas alagadas, e o corte de caminhos por entre encostas de morros pedregosos. A Comissão pode orgulhar-se de ter realizado um dos mais, se não o mais notável transporte já efetuado no Brasil.
Toda a marcha de 113 km pelo Sertão, entre o local onde fora abandonado 102 anos antes, e até a Estação de Ferro de Jacuricy, demorou 126 dias, avançando em média cerca de 900m por dia.
No dia 14 de maio de 1888, chegou o meteorito à Estação de Jacuricy, e no dia 16 assentou-se o marco de chegada, denominado“Barão de Guahy”, no exato local de onde o meteorito embarcou com destino ao Museu Nacional do Rio de Janeiro. Foi lavrado um auto com todas as informações concernentes, junto com outro exemplar sobre a viagem, e ambos foram colocados numa caixa de ferro deixada nas fundações do marco. Da Estação de Jacuricy o meteorito embarcou para Salvador e, de trem, percorreu 363 km, chegando a Salvador a 22 de maio de 1888. Lá chegando, foi pesado, verificando-se que o mesmo tinha, então, 5360 kg .
O meteorito ficou em exposição em Salvador durante 5 dias, e em 1o de junho embarcou no vapor “Arlindo”, seguindo para Recife e, posteriormente, para o Rio de Janeiro, onde chegou no dia 15, sendo recebido pela Princesa Isabel e entregue ao Arsenal de Marinha da Corte.
Nas oficinas do Arsenal de Marinha foram feitos os cortes indispensáveis para o estudo da “pedra”, bem como para a obtenção de materiais que foram doados e permutados com diversos museus do Brasil e do mundo. Confeccionou-se, também, uma réplica do meteorito em madeira, que o governo brasileiro fez figurar na Exposição Universal de 1889. Este modelo hoje se encontra no Museu de História Natural de Paris.
Concluído o trabalho, o meteorito foi transportado a 27 de novembro de 1888 para o Museu Nacional, nessa época situado no Campo de Sant’Anna,.
Revisitando o Bendegó
Percorremos a história do Bendegó em companhia do nosso estagiário Sandro de O. Gomes e de um pesquisador e estudioso desse meteorito, Wilton de Carvalho. Nossa visita aconteceu em época de seca extrema e isso nos permitiu constatar quão dura é a vida naquele lugar e de como o sertanejo precisa ser forte, deveras, para poder lidar com situação semelhante. Não havendo água, quando a encontra, precisa carregá-la em baldes, por muitas e muitas centenas de metros... O gado morre de fome não tendo o que comer ou beber, exceto umas bem minguadas palmas que são picadas por seus proprietários. Observa-se um interior brasileiro que praticamente não evoluiu em nada, num contraste gritante com a modernidade das cidades vizinhas, um contraste entre Brasis muito próximos e tão distantes!...
Retomando-se os caminhos da História, fica-se sabedor de que, hoje, o marco “D. Pedro II” não mais existe, uma vez que, alguns anos depois da remoção do meteorito, a região foi assolada por uma seca enorme, cujo acontecimento o sertanejo atribuiu, supersticiosamente, à remoção da pedra. Derrubaram o marco em busca da pedra irmã e ali encontraram a caixa metálica onde, segundo se diz, havia apenas um papel onde se lia “Jesus, Maria e José”!!. Provavelmente tratava-se dos autos lidos por um analfabeto qualquer...
Devido à estação das secas em que nossa viagem se deu, o riacho Bendegó encontrava-se totalmente árido. O Rio Jacuricy tinha muito pouca água e as estradas construídas pela Comissão do Império já não se podia reconhecer.
Na Estação de Jacuricy ainda se pode ver o marco “Barão de Guahy”, que lembra a todos como ocorreu o famoso transporte doBendegó.
Em Monte Santo, existe uma réplica, em tamanho original, do Meteorito de Bendegó, mas pouco se sabe sobre a natureza da peça original no Museu Nacional.
Descrição do meteorito
IPMC
O Instituto Popular Memorial de Canudos encontra-se bem no centro de Canudos, dentro de uma capela e prédio anexo. A capela tem uma cruz original do Canudos Velho (da época de Conselheiro) e a madeira que foi comprada pelo conselheiro para a construção de uma nova capela. Essa madeira não foi entrega na época, servindo como uma das causas para o início do massacre (a madeira chegou em Canudos quase 100 anos mais tarde e fica hoje com o Instituto). O guarda da capela e o poeta podem contar essa história com muito mais detalhes (vale a pena ouvir!). O prédio anexo tem uma coleção de fotos, obras de arte, recortes de jornais, e também alguns livros para venda.